Eu decidi recomeçar esse blog com um post sobre um disco que venho ouvindo muito, apesar de no começo menosprezar um pouco o trabalho da banda. Faz muito tempo que o Keane tem se botado como a opção “pop e bonitinha” em meio a tantas bandas do novo rock inglês (e do velho também). É como se eles não possuíssem a aura de responsabilidade que Coldplay, Oasis e Radiohead – principalmente essa última) possuem, quando lançam discos. É aquela coisa: Keane é o famoso rock inofensivo. Muitos vão notar que eu odeio esses rótulos que definem a banda em estilos e muitas vezes apenas fazem-nos confundir ainda mais sobre o que estamos a falar – como as infinitas vertentes de metal e do rock em geral, por exemplo (http://whiplash.net/materias/humor/000593.html).
Mas, se existe um estilo famoso e popular é o que eu chamo de rock inofensivo. Além de contaminar quase que 100% das bandas nacionais (haja vista o sucesso de porcarias como Capital Inicial e parentes dos anos 80 até hoje) ele é o mais agraciado com um espaço na mídia. Na não-especializada claro, por que essas bandas sofrem por parte da crítica musical um tremendo preconceito – na maioria das vezes justificável sim (http://www.youtube.com/watch?v=jfrSU_nC8XE) – apesar de serem as de maior sucesso.
Mas, devemos nos lembrar que esse rock meloso e romântico, que não tem a intenção de possuir “bolas”, como muito no rock n’roll que nós tanto amamos (http://www.youtube.com/watch?v=9nz6Rq1Pvh0); não é tão ruim, nem nunca foi exclusividade de bandas ruins. Algumas das mais emblemáticas e bacanas bandas de rock da história não são pra macho nem pra mocinha... são também assim inofensivas, mas não deixam de ser excelentes (http://www.youtube.com/watch?v=FfZUxPF7AMI). E tem aquelas que possuem em sua carreira uma fase no rock inofensivo, geralmente a inicial, mas que é a responsável por projetar a banda para o estrelato (http://www.youtube.com/watch?v=9ibX3TejlZE), antes mesmo de qualquer crítico poder dizer que a banda é “mais uma”.
Mas ninguém, nem mesmo o Keane, é obrigado a ter seu Sgt. Peppers...
PERFECT SYMMETRY
Agora chegamos a esse trabalho da banda conhecida pelas baladas melosas (http://www.youtube.com/watch?v=hmXY2MSrguE) e pelo rock simplório e inofensivo (http://www.youtube.com/watch?v=ucODEFzaVpY). Sim, desde o primeiro disco eu sempre achei que o Keane era melhor do que dizem. Não pela formação aparentemente original de apenas dois instrumentistas e um vocalista – já que o teclado de Tim Rice-Oxley é praticamente uma orquestra – mas pela capacidade de criar belas melodias ademais das letras “simplezinhas”. Mas ao ouvir a entrada de Spiralling já se nota que há uma considerável mudança na proposta desse álbum (http://www.youtube.com/watch?v=M-LZ7yH-JBM). Além do magistral videoclipe, a música traz aquele ar oitentista e emula um dos clássicos mais “inofensivos” de um outro grande artista, seja pela melodia, ou principalmente pelo tema (http://www.youtube.com/watch?v=qpOlaLTXP4E); apesar, é claro, da cadência mais “Keane” da música. Para alguns essa comparação parecerá absurda, mas meu objetivo nunca será comparar uma criança para o rock como o Keane com um Deus; até por que essa música nem é do David Bowie, mas de um outro rockstar inofensivo, Lennon. Mas isso já demonstra que apesar de inofensivo, o Keane não está pra brincadeira.
Depois, continua uma seqüência de bons momentos, uns bem melhores, sempre coroados pela bela – mas às vezes muito chorosa – voz de Tom Chaplin. O disco anterior, Under the Iron Sea, já tinha uma atmosfera diferente da estréia, menos pop e mais sombria. Agora as melodias são mais pop, mas um pop retro, que apesar de estar na moda é bem mais bem feito que a maioria dos pastiches que se encontra por aí.
O disco não é uma revolução, não para a música, mas é uma grande mudança para o Keane, que sai da sombra de Coldplay e companhia – e analisando bem, sai-se bem melhor que o último disco dessa banda, que eu também adoro.
Já na segunda música, Lovers are losing, reencontramos o Keane “de sempre”, mas com um refrão bacana e que gruda facilmente na orelha. Não que isso seja ruim, não é mesmo a melhor música do álbum, mas é impressionante como gruda na cabeça. Passei o dia de ontem inteiro cantando “You take the pieces of the dreams that you have/
cause you don't like the way they seem to be going”...
Logo em seguida vem uma das melhores do disco, Better than This (http://www.youtube.com/watch?v=HmOlLvqtPgc), que desde que eu ouvi me lembrou algo... (http://www.youtube.com/watch?v=r44OFO-MNPo&feature=related). O que pra mim é excelente, claro, já que a idéia do álbum parece ser essa mesmo.
E assim o ábum segue com o som oitentista espacial em You haven’t told me anything e o "som Keane" em Perfect Symmetry. Os pianinhos aparecem em You don’t see me e o sintetizador em Again & again, que é uma música com um final surpreendente aliás, que nos shows deve ser um negócio bem “levanta a galera”. O mesmo posso dizer de Playing along, que além de ter um dos melhores momentos vocais de Chaplin, uma coisa meio – quer dizer, bem – Bono Vox, possui um crescente realmente bonito, singelo e sem sair da proposta. Uma das melhores do disco que ficaria melhor, na minha opinião, como última música do álbum – e quantas vezes, ao fim de um excelente álbum, você também levantou o volume até nem conseguir pensar? Adoro essas músicas com cara de hino.
O disco devia ter acabado aí, mas como o CD não é um LP, tem mais. E é meio por esse mais que não vou dar 10 pro disco. Não por essas últimas músicas serem ruins, mas realmente não são nada de mais, o disco cumpria bem seu papel até Playing Along. Depois eles fazem só “mais Keane”, o que não é ruim – Pretend that you’re alone é muito boa, aliás – mas seria desnecessária, se vivêssemos numa época mais antiga, onde um disco poda ter apenas 8 músicas. Black burning heart é uma boa música, mas que funcionaria melhor ou em outro álbum do Keane ou como Lado B. E Love is the end é muito bonita, mas não é tão forte quanto Playing along.
Por esse álbum, o Keane se sai como uma das melhores bandas da atualidade, seja pelas referências, seja pelo disco em si, e com certeza é a melhor banda de rock inofensivo (pop) da Inglaterra. Mas eles precisam aprender a utilizar esse passo a frente com propriedade, para que um dia possam fazer seu Sgt. Peppers.
Perfect Symmetry, Keane: 2008 (ou 1985, vá lá)
Nota: 8,5
PÓS-FACIO
Bowie na sua "Pior" fase: http://www.youtube.com/watch?v=BgoosJDfXKg
Esse cara é um gênio.
Pra quem não conhece: http://www.youtube.com/watch?v=JOO8-Jp-xsg&feature=related. Pronto, agora se mate.
Depois, continua uma seqüência de bons momentos, uns bem melhores, sempre coroados pela bela – mas às vezes muito chorosa – voz de Tom Chaplin. O disco anterior, Under the Iron Sea, já tinha uma atmosfera diferente da estréia, menos pop e mais sombria. Agora as melodias são mais pop, mas um pop retro, que apesar de estar na moda é bem mais bem feito que a maioria dos pastiches que se encontra por aí.
O disco não é uma revolução, não para a música, mas é uma grande mudança para o Keane, que sai da sombra de Coldplay e companhia – e analisando bem, sai-se bem melhor que o último disco dessa banda, que eu também adoro.
Já na segunda música, Lovers are losing, reencontramos o Keane “de sempre”, mas com um refrão bacana e que gruda facilmente na orelha. Não que isso seja ruim, não é mesmo a melhor música do álbum, mas é impressionante como gruda na cabeça. Passei o dia de ontem inteiro cantando “You take the pieces of the dreams that you have/
cause you don't like the way they seem to be going”...
Logo em seguida vem uma das melhores do disco, Better than This (http://www.youtube.com/watch?v=HmOlLvqtPgc), que desde que eu ouvi me lembrou algo... (http://www.youtube.com/watch?v=r44OFO-MNPo&feature=related). O que pra mim é excelente, claro, já que a idéia do álbum parece ser essa mesmo.
E assim o ábum segue com o som oitentista espacial em You haven’t told me anything e o "som Keane" em Perfect Symmetry. Os pianinhos aparecem em You don’t see me e o sintetizador em Again & again, que é uma música com um final surpreendente aliás, que nos shows deve ser um negócio bem “levanta a galera”. O mesmo posso dizer de Playing along, que além de ter um dos melhores momentos vocais de Chaplin, uma coisa meio – quer dizer, bem – Bono Vox, possui um crescente realmente bonito, singelo e sem sair da proposta. Uma das melhores do disco que ficaria melhor, na minha opinião, como última música do álbum – e quantas vezes, ao fim de um excelente álbum, você também levantou o volume até nem conseguir pensar? Adoro essas músicas com cara de hino.
O disco devia ter acabado aí, mas como o CD não é um LP, tem mais. E é meio por esse mais que não vou dar 10 pro disco. Não por essas últimas músicas serem ruins, mas realmente não são nada de mais, o disco cumpria bem seu papel até Playing Along. Depois eles fazem só “mais Keane”, o que não é ruim – Pretend that you’re alone é muito boa, aliás – mas seria desnecessária, se vivêssemos numa época mais antiga, onde um disco poda ter apenas 8 músicas. Black burning heart é uma boa música, mas que funcionaria melhor ou em outro álbum do Keane ou como Lado B. E Love is the end é muito bonita, mas não é tão forte quanto Playing along.
Por esse álbum, o Keane se sai como uma das melhores bandas da atualidade, seja pelas referências, seja pelo disco em si, e com certeza é a melhor banda de rock inofensivo (pop) da Inglaterra. Mas eles precisam aprender a utilizar esse passo a frente com propriedade, para que um dia possam fazer seu Sgt. Peppers.
Perfect Symmetry, Keane: 2008 (ou 1985, vá lá)
Nota: 8,5
PÓS-FACIO
Bowie na sua "Pior" fase: http://www.youtube.com/watch?v=BgoosJDfXKg
Esse cara é um gênio.
Pra quem não conhece: http://www.youtube.com/watch?v=JOO8-Jp-xsg&feature=related. Pronto, agora se mate.