terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quem me dera...

Muitos e-mails e mensagens tem chegado nos últimos dias à minha caixa de e-mails contendo mensagens de ataque à candidata Dilma, provavelmente tentando convencer-me - e ao povo - de que o melhor a fazer é não votar nela.

Muitos deles tem origem numa campanha de várias instituições religiosas, que atacam Dilma por motivos tão diversos quanto a defesa do aborto e o seu passado de guerrilheira.

Tanto é que o PT foi obrigado a reagir, mandando imprimir um boletim para afastar essas discussões de alçada religiosa.

Mas, o que eu acho mais interessante, é que as pessoas acham que me convencem a não votar em um candidato pelo fato de ter um passado de comunista e guerrilheiro. É interessante, ainda, como as pessoas acham que ter feito parte de luta armada é o mesmo que ser criminoso, que votar em alguém de orientação originariamente comunista, marxista ou ao menos esquerdista é uma péssima escolha política.

Como se um dos principais motivos pelo qual eu voto na Dilma não fosse justamente esse.

Muitos ainda a ligam (e ao presidente Lula) à ação de grupos organizados como o MST.

E eu penso: ah, que bom seria se a relação entre o PT e o MST fosse tão mais estreita como as pessoas pensam!

Em verdade, nesse caso, o melhor a se votar seria o Plínio, já que ele é defensor de invasão de terras, da apropriação e do fim do latifúndio. Mas, como eu sei que a candidatura do PSOL tem mais força na Câmara que no executivo, voto nos deputados do PSOL em prol de uma luta mais séria por tais temas no congresso.

Ah, quem me dera que a minha candidata fosse tão comunista como a pintam.

Que ambos fossem tão marxistas a ponto de serem ateus! Muito melhor seria um presidente ateu e comunista, marxista e ex-guerrilheiro que um administrador pai de família ou um economista fiel a deus.

Quem me dera a minha candidata fosse a favor do aborto e da união entre homossexuais. Que fosse ela a única a decidir a favor dessas questões, sem ter que passar por um congresso cheio de políticos corruptos, direitistas, conservadores, atrasados e proselitistas.

Que maravilha seria ter uma candidata capaz de limpar o congresso da evangelização burra, do interesse dos donos de terra, dos aproveitadores baratos.

Ah, que bom seria se a ligação com movimentos revolucionários fosse assim tão forte, se a minha candidata tivesse mesmo matado inimigos em prol da liberdade de seu país.

Que bom seria se a candidata que pintam fosse mesmo a Dilma Roussef.