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Pode parecer bizarro, mas eu gosto de rap. Não tudo que é produzido, na verdade uma meia dúzia de gente mais criativa. E um dos que eu passei a admirar desde que associei "o nome à pessoa" foi o Big Boi. Ele é mais famoso por ser "o outro cara" do Outkast, que muitos acham que se resume a Andre3000 e seu Hey Ya!. Ledo engano, quem nunca ouviu Mrs. Jackson não sabe do que essa dupla extremamente criativa é capaz. Depois de me apaixonar por seu primeiro álbum solo, Sir Lucious Left Foot: The Son of Chico Dusty, fiquei no aguardo de uma nova bolacha da dupla. Qual não foi a minha surpresa quando descubro que o Big Boi vai lançar OUTRO álbum solo! Se Vicious Lies and Dangerous Rumors tiver metade da qualidade do anterior, vai ser o máximo.
Como não tem clipe novo dele ainda, fiquem com um do primeiro trabalho solo dele (triste estar tão censurado... fuck you VEVO!):
Houve, num passado não muito distante, uma banda surpreendente que impressionou todo mundo com sua magia aparentemente fora de época, seu estilo glam rock que remetia a grandes nomes do passado como Queen. Podia ser a real salvação do rock? Bem, de qualquer forma, esses meninos não se entendiam, o vocalista pulou fora, o segundo álbum não fez metade do sucesso do primeiro, a banda quase acabou e a promessa parecia ter ido por água abaixo.
E que surpresa que é ouvir um novo single do The Darkness! Eu AMEI Every Inch of You e me enchi de esperanças que dessa vez, com sue novo álbum Hot Cakes, eles não morram na praia. Pleeeeeease!
Por fim, mas não menos importante, uma das bandas mais legais da atualidade e que acho que pouca gente sabe que eu gosto: The Killers. Pô, os caras compuseram Human, uma das músicas mais legais dos anos 2000. Não apenas pelo seu retrospecto cheio de glórias, mas pela pérola que é essa música nova, Runnaways, eu espero MUITO do Battle Born. Se você não ouviu, hora de dar uma provadinha no rock moderno e ao mesmo tempo retrô dos caras:
Agora vamos para o prato principal!
Meshuggah
País: Suécia
Álbum: Koloss
Estilo: technical death metal/experimental
Comentário: Quando I am Colossus começa, você sabe que está diante de algo diferente. Principalmente se você não conhece os suecos do Meshuggah. Quem conhece, vai encontrar o ápice da piração dos caras na construção de melodias complexas demais por ouvido humano comum. E para o "não iniciado", é bom avisar que, ademais da impressão, Koloss não é só um bate cabeça ofensivo e sem sentido. O que o Meshuggah faz, pra mim, é demonstrar como o conceito de belo na arte é extremamente relativo. Há beleza na destruição, no sofrimento, na angústia. E poucas vezes um disco foi mais angustiante que Koloss.
Nem se faz necessário falar muito sobre técnica. Apenas ouça o solo de guitarra The Demon Name is Surveillance e a perturbadora potência vocal de Jens Kidman, que pode sustentar gritos absurdos por muito mais tempo que um humano normal.
Do not look down é mais "comum" que as anteriores, mas mantem a marca registrada do Meshuggah: os riffs em ciclos intermináveis. Pode parecer repetitivo (a primeira vez que ouvi Meshuggah, eu achei) mas é tudo tão bem calculado que a coisa funciona bem demais. E, depois de esmigalhar seus tímpanos, eles viajam alguns segundos na introdução de Behind the sun, para então entregar a lenta melodia cíclica que conduzirá toda a música. E esse disco é mais lento, muito mais lento que os anteriores, porque não é um som veloz que faz um disco ser pesado. Muitos imitadores não sabem disso, mas o Meshuggah sabe, e Behind the sun é a maior prova disso.
Distorcendo todas as noções rítmicas, The hurt that finds you first é um estupro auditivo. Assim será também Marrow, mesmo que bem menos "urgente" que anterior, mas muito mais variada na sua construção (e, pqp, como é possível um ser humano tocar bateria daquele jeito?!).
O fato é que, se arte tem que causar sensação no espectador, a sensação de angústia é a favorita do Meshuggah. Koloss leva isso às últimas consequências, e tenho que confessar que por vezes pensei em não dar nota máxima pro disco, porque não conseguia ouvir o disco até o fim pois, muitas vezes, ele me fazia mal. E logo percebi que o que o Meshuggah quer, às vezes, é isso mesmo. E conseguem, com maestria.
Uma das mais criativas e melhores bandas de rock da história, sem dúvida. E se você acha que eles são só barulho, que não são música, você não faz ideia do que seja música. Simples assim.
Nota: 10 Apolos, óbvio.
Sigur Rós
País: Islândia
Álbum: Valtari
Estilo: post-rock/ambient
Comentário: Poucas vezes em minha vida músicas me levaram às lágrimas. Mas, a primeira vez que ouvi com atenção Ágætis byrjun, em vários momentos encontrei-me nesse estado. Desde então, Sigur Rós tem lidado com o sublime na música de maneira quase irretocável. Todos os discos deles, de uma forma ou de outra, são obras raras, de uma beleza que nos faz lembrar que a arte é muito mais do que uma música bem tocada. Ela é aquilo que mexe com as sensações do indivíduo, com suas expectativas e com o seu universo. Sigur Rós é isso, e muito mais.
Isso tudo pra dizer que Valtari é simplesmente soberbo. Não se arrepiar com Ég anda é sinal de que você já perdeu sua humanidade no caminho. A reverberação dos os ecos de instrumentos e voz (e putz, o que é a voz do Jonsi?!) e muito do minimalismo dos primeiros trabalhos que, admito, eu sentia um pouco de falta, voltou com muita força. Admiro demais essas bandas que trabalham sem a preocupação em repousar demoradamente sua melodia nesse estado de suspensão sublime, nota a nota, num crescendo vigoroso, para entregar ao ouvinte cada fragmento de suas composições de maneira certa. Foi o caso dos últimos álbuns que analisei ontem, Oro do Ufomammut mais notadamente.
Outra coisa que me admira e que fica evidente em músicas como Ekki Múkk, por exemplo, é a preocupação com o silêncio. Sigur Rós trabalha muito essa ascensão das suas melodias, a criação do ambiente, das sensações, mas isso não seria nada sem uma noção da importância do silêncio ao fim de cada música e ao início de outra. Cada música funciona como uma pequena ilha, um mundo próprio onde ela lentamente se desenvolve e te entrega um estado de êxtase ao fim de sua passagem para o silêncio completo.
É, pra mim, senão o melhor, um dos melhores trabalhos da carreira deles. Seja na belíssima interpretação de Jonsi na citada Ekki Múkk e na encantadora Dauðalogn, seja pela construção de melodias intensas de Varúð (impossível não ser arrebatado pelo seu final apoteótico) ou na delicadeza de Fjögur píanó, Sigur Rós voltou ao seu passado e, nessa revisitação, apareceu um dos melhores trabalhos de sua carreira.
Headbanguer, punk, mpbista, seja lá a sua praia, dê um cadinho de seu tempo a ouvir Sigur Rós... você não se arrependerá!
Ah, tão fodas são os caras que eles deram uma mesma quantia de dinheiro pra um grupo de cineastas e mandaram que eles fizessem o que viesse a suas cabeças com as músicas que eles ouvissem, num projeto intitulado The Valtari Mystery Film Experiment. Saíram coisas absurdamente fodas, como esse clipe Fjögur píanó (sim, o do Shia LaBeouf pelado):
Nota: 10 Apolos, é claro!
Amanhã acaba! UFA! HAHAHA
Abraços!