quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sad... but true.


Bem...
venho eu com mais uma crítica fundamentada...

André Forastieri, ex-editor da lendária revista Bizz, colunista do R7, tomou uma atitude perigosa: falou mal do Metallica.

http://blogs.r7.com/andre-forastieri/2010/01/28/32-razoes-porque-o-metallica-e-chato/#comments

O senhor André Forastieri, ao contrário do senhor Júlio Severo, que critiquei no outro post, não é alguém com quem eu discorde totalmente.

Muito pelo contrário. Eu era leitor esporádico da Bizz, quando caía na minha mão. Tinha uma aliás, guardada, que falava sobre o lançamento do disco novo do Depeche Mode, o Exciter. Faz tempo...

Além disso, o Metallica não é mesmo flor que se cheire.

Eles fizeram dos anos 90 uma época muito triste para quem gostava de heavy metal.

Criaram um séquito de fanáticos que depois abandonaram ao léu em troca de fama, MTV e drogas.

Cometeram o Load e o Reload... Mataram e reincidiram no crime.

Lutaram contra o Napster. Posaram de chatos, carrancudos.

Eu teria motivos, sim, inúmeros, para odiar o Metallica.

Mas, aqui temos um caso clássico de um colunista que ficou velho.

Eu acho chato dizer isso do Forasta, mas acompanhe comigo. Leia um dos motivos para não se gostar de Metallica:

"É chato porque é para o moleque espinhudo, inseguro e rancoroso que existe dentro de todos nós."

Bem, isto é algo que me incomoda há anos. É uma certa mania, comum principalmente em meio intelectual, de posar de adulto.

Digamos assim... fale mal de uma banda de adolescente. Aquela banda, da qual vc tinha camisetas, posteres e revistas... aquela banda que embalou seus primeiros beijos, seus primeiros porres.

Então...

Isso é passado. Você agora cresceu, tem que gostar de música de adulto.

Metal é música de adolescente.

E o que é música de adulto? Bem, alguns medalhões não mudam, mas há os "culturetes" que elegem a nova banda salvadora do pop/rock da semana.

E tem a MPB. Sempre ela...

Ah, tem também aquela de eleger um gênero popular mas aparentemente tosco e fazê-lo parecer pop justamente por sofrer ojeriza... acontece direto. Aconteceu com o brega, com o funk carioca...

Mas na verdade, essas atitudes não demonstram sabedoria, e sim uma patologia.

Sabe o que acontece a esses "adultos"? Ele não sabem a diferença de amadurecimento e velhice.

Nem a diferença entre ser adolescente e imaturo e ter uma alma de jovem.

Vou desenhar:

Quem posa de adulto geralmente finge que não, mas segue modinhas. Os de hoje seguem a moda do nerd descolado, que eu chamo de "culturete". É fácil identificar, é aquele povo que usa All-Star mas acha demodê usar camisa do Slayer.

Que anda de cachecol na Paulista em pleno verão, mas tem nojinho da mocinha que sai do pagode de sainha curta.

E tem a velharada, que queria ser assim mas não quer pagar mico, por isso posam de sábios que veneram meia dúzia de ingleses e se acham os conhecedores de música.

Mas agem do mesmo jeito.

É essa galera que costuma taxar coisas como o Metallica de música pra adolescente.

Forastieri diz que não gosta de Metallica porque eles não tem senso de humor. Tem um dos comentários a esse post do Forastieri que resumiu tudo, feito por tiago, o goliardo:

-Não tem senso de humor? Gosto de varias bandas que não tem senso de humor. Estou escutando o album Closer neste momento, daquela banda de Manchester que só andava de preto e não era engraçada.

Não dá pra refutar esse argumento. É clássico da galerinha culturete gostar de toda merda que vem de Manchester. Não importa, porque o Smiths e o Joy Division eram bons, tudo que sairá de lá será. E é muito fácil falar bem de Smiths e Joy Division.

É o típico argumento de quem realmente não tem senso de humor.

É o tipo de pessoa que não entende que entrar numa "rodinha" num show do Metallica não é uma atitude adolescente.

Que não é vergonha de gostar da NWOBHM. Que usar camiseta do Iron e cabelão não é fase.

Na verdade, a gana por criticar o Heavy Metal demonstra uma infantil necessidade de autoafirmação para os velhotes que ouviram o The Queen is Dead e acham que só existe o Morrissey nesse mundo.

Para aqueles que não se conformam com a morte do Kurt Cobain, que apostavam no Oasis e depois no Strokes como os novos Beatles. Que achavam que o hiphop gangsta era uma modinha passageira, que o rock nacional ia produzir novos frutos depois do fim do Planet e dos Raimundos.

Que viram, como o Cazuza disse, seus ídolos morrerem de overdose, e nunca superaram isso. Idealistas, que queriam viver eternamente a juventude e a adolescência dos seus anos 60, 70 e 80.

Olha só! Quem será que não cresceu?

Me desculpem, mas o Heavy Metal is here to stay, baby!

O Metallica não acabou, nem o Iron... nem o Saxon, nem o Rhapsody nem o Blind Guardian, nem o Iced Earth, nem o Sepultura, nem o Slayer...

Seus fãs não debandaram. Não se cansaram de suas músicas, ao contrário, lotam seus shows.

Mas, eu não me lembro quando foi o último show do Morrissey no Brasil... se é que houve né?

Eu gosto do Morrissey aliás, muito mesmo. O cara é um gênio, sempre será

Gosto do Morrisey assim como gosto do Metallica.

Mas sempre achei Smiths uma bosta. Só gosto de How soon is now.

O Morrisey é muito mais talentoso sozinho. Mil vezes.

You are the quarry e Years of refusal são dois dos melhores álbuns dessa década.

E me desculpe, mas quem conhece o Kirk Hammet sabe que o Johnny Marr não toca guitarra melhor que o Chimbinha... e tenho certeza de que o Morrisey concorda...

Se bem que o Bernard Sumner também não sabe tocar, mas nem por isso fez músicas ruins...

E agora Forasta? vai me matar porque eu acho Smiths uma bosta?

...

De qualquer forma, não sou obrigado a concordar com ele, nem quero comprar briga com ninguém. Muito do que ele escreve, a maioria aliás, eu concordo e assino embaixo. O Forastieri é referência pra mim, e esse é um dos blogs que eu sempre dou uma visitadinha. Apesar de não ser a primeira vez que ele me decepciona, sei que é injustiça eu atacá-lo apenas porque ele não gosta de Metallica.

Mas, como eu sei que muitas outras pessoas disseminam esse preconceito contra a "música de adolescente", eu aproveitei a excelente deixa desse texto para fazer uma crítica a essa tropa de choque da pseudo-intelectualidade chamada "culturete".

Se você quer meu respeito, não calce um All-Star perto de mim, não comente sobre o filme iraniano/francês que você assitiu no espaço unibanco e não me chame para ver a nova música da mais nova promessa de Manchester.

Me convide pra ir na sua casa tomar uma breja e ouvir aquele seu vinil velho do Ride the Lightining.

Assim, você não me decepciona...

(a única coisa que me deixa decepcionado é não ir ao show do Metallica)

PS: EU SOU NERD E OUÇO METALLICA, PORRA!!!!

[ATUALIZADO] Vio o comentário de meu camarada Jericó a esse texto e percebi que posso ter sido meio preconceituoso com quem usa All Star ou gosta de filmes de arte. Na verdade, eu quis me referir apenas àquele tipo de pessoa que usa All Star e assiste filme iraniano/francês pra se incluir num grupinho cult, "pasteurizando" e evacuando o conteúdo das duas coisas. Não sei se tinha a necessidade de explicar, mas é bom deixar bem claro, né?
Apesar disso, nunca usei All Star... hehehe