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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Marcha para a Ignorância

Tem duas coisas que apareceram na religiosidade brasileira atual com grande força que me fazem nojo: a Renovação Carismática e o Neopentecostalismo.

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/07/20-marcha-para-jesus-reune-multidao-em-sp.html
Milhares de pessoas se comportando como acham certo viver: como cordeiros. Mas não o do seu deus, como quer a sua bíblia, mas do seu pastor ou padre. E nele confiam cegamente, e por ele agem.
Dançam e cantam ao som dos produtos mais rentáveis da indústria fonográfica atual, os padrecos e pastores cantores, que levam a mensagem de atraso, carolice e preconceito para todo o país. Tanto que, diferente de antigamente, levam o mofo da sua "mensagem divina" para as grandes rádios, para a tevê e para os shows originariamente "laicos".
Eu afirmo todo o santo dia que estamos caindo em uma perigosa teocracia, guiada pela ignorância de fiéis, esperteza de lideranças religiosas e anuência passiva de nossos políticos. Pois, quer queira quer não, a Marcha pra Jesus, por exemplo, é mais um movimento político que religioso.
Em primeiro lugar, nada me convence que a tal Marcha para Jesus não tenha crescido a tal ponto no Brasil como contra-ataque à Parada Gay, principalmente quando analisamos os "líderes" desse movimento. Outra coisa é que, quando se vê pequisas como essa do Datafolha, percebe-se que excelente veículo é a Marcha para as intenções políticas desses criminosos travestidos de religiosos. É o voto de cabresto em sua versão teocrática.
Curioso, ainda, que no mesmo fim de semana que acontece essa Marcha, acontece a "polêmica" entrevista de Rosane Collor, ex-mulher do ex-presidente e atual senador, que é um dos principais inimigos da Rede Globo no atual Quid Pro Quo da CPI do Cachoeira. Uma retaliação óbvia, baixa e incontestável a todas as merdas que o antigo aliado está jogando no ventilador.


O que me enoja nesse mundo podre da religião, é que qualquer criminoso pode virar santo do dia pra noite só por gritar que aceitou Jesus. O Collor, por mais que esteja do outro lado dos ataques, sempre será o cara que roubou as poupanças, o cara que sofreu o impeachment. E ela posa de coitadinha.
E, não nos esqueçamos, do que é a "magia negra" a que ela se refere. É a mesma "magia negra", provavelmente, que faz com que haja crimes diversos contra as religiões de origem negra no Brasil. A mesma "magia negra" que faziam jogadores de RPG, praticantes de Yu-Gi-Oh... chama-se preconceito, é perigoso e pode matar.
Temos que parar de aceitar, parar de ser ingênuos. Parar de respeitar gente como Edir Macedo, que além dos crimes já amplamente conhecidos, expressou sua tendência eugenista hoje. Temos que parar de tolerar isso. Se uma sociedade quer ser crítica, quer avançar em suas reformas sociais e política, pessoas como os facínoras que comandam essas igrejas tinham que ser banidos da política. Eu não sou contra que as pessoas se manifestem religiosamente, mas ver os resultados de uma pesquisa como essa do Datafolha só deixa mais claro pra mim o quão danosa é a presença do movimento neopentecostal no Brasil. Religiões propagam preconceitos, atrasos, são a âncora da nossa sociedade. E precisamos parar de uma vez de compactuarmos com isso.
E, o dia que magia negra for algo pior que a pedofilia praticada pelos seus padres e o estelionato de seus pastores, eu me calo.




sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quid pro quo 3

Antes de ler o texto, peço que leiam Quid pro quo 1 e 2

Imagem tirada daqui
E sugiro que leiam, sobre o mesmo assunto dos Quid pro quo, esse texto.

Bem, Logo ia acontecer.

Tendo que lidar com o lamaçal aberto pela relação Cachoeira-Veja, a mídia se expõe (ainda devagar, claro). E nessa, começam a surgir os quiprocós da própria. É só ler os textos de cada um dos veículos que trata desse caso e ver o que eles dizem sobre seus confrades ou inimigos. Interessante como as informações chegam diferentes por diferentes veículos de mídia.
Primeiro, o mesmo assunto via Estado de São Paulo e Carta Capital:

"Mesmo com apoio do senador Fernando Collor (PTB-AL) e de parte da bancada do PT, a CPI do Cachoeira desistiu nesta quinta-feira, 16, de pedir à Polícia Federal as gravações telefônicas das conversas entre o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com o jornalista Policarpo Junior, diretor da sucursal da revista Veja e um dos redatores-chefes da publicação."

Pela leitura, tem-se a impressão de que as gravações das conversas entre Cachoeira e Policarpo não serão alvo das investigações. Obviamente que, ao usar do verbo "desistir", o Estadão passa a impressão que o caso não interessa à CPI. O que é desmentido a seguir, na mesma matéria, quando se lê

"Diante da forte reação da oposição e de parlamentares da base aliada, a comissão preferiu apoiar uma proposta para pedir à Polícia Federal o repasse, ordenado por nome, de todos os grampos telefônicos feitos nas operações Vegas e Monte Carlo. Em termos práticos, a decisão não muda nada o intento de acesso às conversas do jornalista, mas foi um recuo político de quem pretendia carimbar uma relação promíscua da revista com Cachoeira."

Mesmo assim, nota-se um tom diferente do encontrado na Carta Capital, que desde a explosão do caso tem voltado toda sua munição contra sua inimiga editorial.


"O senador Fernando Collor (PTB-AL) apresentou à CPI um requerimento específico para obter os áudios em que o jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja, é citado. O jornalista aparece em cerca de 200 conversas com Cachoeira. Collor e outros parlamentares querem saber se a relação entre os dois tinha alguma ilegalidade. O requerimento foi derrubado pelo relator, Odair Cunha (PT-MG). Ele afirmou que os áudios em que o jornalista é citado já estão à disposição da CPI e, portanto, não seria necessário um requerimento específico para isso."

Considerada "chapa branca" por muitos, a Carta apresenta a mesma matéria com outro tom, buscando esclarecer que o requerimento de Collor não foi aceito porque os áudios já estariam disponíveis, sendo o requerimento uma pressão do Senador, inimigo histórico da revista Veja.

Mas não há qualquer destaque na matéria ao contato estabelecido entre Vaccarezza (PT) e o governador Sérgio Cabral (PMDB), que apareceu ontem em matéria do SBT Brasil.
Exclusivo: Vaccarezza troca mensagens comprometedoras com Cabral

A Folha de São Paulo, em compensação, não apresenta uma linha de Veja e Policarpo, ou mesmo Collor, na sua página principal. Aliás, o espaço para a CPI diminuiu bastante visualmente.


Todas as matérias da página principal da Folha (print de 18/05/2012 às 10h18m) se relacionam com as relações entre os partidos da base aliada do governo e Cachoeira.

O Globo, que entrou no quiprocó pela defesa simplesmente ridícula de Roberto Civita, traz apenas matérias relacionadas ao caso Vaccarezza - Cabral. E também em um reduzido espaço de sua página principal: Petista promete blindar Cabral na CPI

Já o G1, o portal da Rede Globo, se esqueceu do Cachoeira. Em verdade, tá lá no meio das matérias menores, n canto esquerdo, entre coisas como "Transexual 'rouba a cena' em desfile" e "Veja mentiras comuns em currículos".

Vaccarezza (que eu não acho que seja alguém confiável) é o novo alvo de boa parte da mídia, e não me surpreende que seja justamente aquela acusada de fazer parte do paredão aliado à Veja. Os grupos que dominam a imprensa brasileira formam uma canalha conhecida desde a época da ditadura, e são famosos nessa manipulação de fatos. Não se isenta, contudo, a Carta Capital por não dar destaque ao Vaccarezza, mas pelo menos ela não deixou de lado Agnelo, governador petista, como a grande mídia afastou Perillo totalmente de suas matérias. Cadê o Perillo na Folha, no G1, no Estado, no Globo? Ninguém sabe, ninguém viu.

Ah, o site da Veja? Bem, veja você mesmo e tire suas conclusões.

E o quiprocó continua quente na imprensa brasileira...

PS: Sabia que o José Serra também tem contratos com a Delta? NÃO. Bem, ninguém fala mesmo, né?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Quid pro quo 2

Clique para ler o Quid pro quo 1.


Bem, antes de tomar as duas atitudes imediatas que nos moveriam, dar play no vídeo sem pensar ou rechaçá-lo por ser protagonista do mesmo quem o é, é necessário refletir de maneira mais profunda e objetiva sobre o que representa esse discurso.

O senador Collor é um alvo fácil para qualquer crítica, ou melhor dizendo, é sempre pressuposição óbvia que suas palavras são indissociáveis de seu histórico, como presidente deposto por esquemas de corrupção. Isso posto, ouvi-lo pronunciar-se contra a corrupção é algo que causa urticária não apenas em mim, eu sei, mas em qualquer um que tenha acompanhado ou não o processo que o levou ao poder e, em seguida, o depôs mediante a opinião pública. O que está em jogo - e estará sempre, inescapavelmente - é a moral de qualquer palavra dita por este cidadão, mesmo já passados vinte anos de sua derrocada do posto maior da nação. Contudo, mediante as circunstâncias em que nossa política se construiu ao longo desses anos, de como se estruturou o poder e, principalmente, da mudança de certos paradigmas no jogo de forças que cada elemento representa, é necessário não apenas que um discurso como o posto aqui seja realizado, mas que saia, a meu ver, da boca do senador Collor. O que digo poderá soar contraditório, haja vista minha posição explicitamente esquerdista em todos os aspectos que concernem o humano, mas não é com esse verniz fácil também do comunista verborrágico que eu quero me colocar. 

O criminoso da vez é Roberto Civita, é Carlos Cachoeira, é Demóstenes Torres, Policarpo Jr., Perillo, Agnelo Queiroz e quem quer que faça parte desse esquema sujo. Mas, muito antes disso explodir como escândalo, criminosas relações entre o contraventor e a revista de Policarpo Jr. e Civita têm guiado a imprensa nacional há pelo menos 10 anos, como afirma o senador. É fácil, óbvio demais, desconsiderar o discurso de Collor mediante seu passado, mas se fosse exatamente a mesma peça oratória nas mãos de outra figura admirada do senado, como um Eduardo Suplicy ou algum que agrade a diretriz política pessoal, como Aécio Neves para os PSDBistas ou uma Ana Rita, para os PTistas, esse discurso talvez fosse reproduzido no Facebook, como um exemplo de moral e retidão do senador, bem como utilizado como denúncia em montagens diversas e também fáceis em seu alcance, propósito e divulgação. Mas, criminoso por criminoso, como não se perdoou Collor, não se deve perdoar Demóstenes, Cachoeira e Policarpo. Não se deve perdoar a Veja, ou mesmo o grupo Abril. 

São Policarpo e Civita que levam à escola de seus filhos uma revista sustentada pelo crime organizado, que se vale de interesses escusos e cria factóides em prol de uma moral distorcida e enviesada. A Veja não é assustadora pelo quanto vende, mas pelo quanto é DISTRIBUÍDA. Ela é lida gratuitamente em escolas, em consultórios médicos, em casa, no vizinho, na universidade, no SESC. Se Collor é eternamente o presidente criminoso derrubado pelo Impeachment, pelos "caras-pintada", ele é o mesmo presidente posto no poder por Civita, por Marinho, o "caçador de marajás" da clássica revista Veja da época de sua eleição. Não é baluarte de moral, mas desde quando a Veja, a Abril, a Globo o são? Desde quando meios que tem relações escusas com bandidos diversos como Ricardo Teixeira, Cachoeira e outros é alguém a ser considerado? Se se critica Lula e o PT por alianças com gente como Sarney e o próprio Collor, porque não se criticar a Veja por sua aliança com Cachoeira? Porque não criticar Policarpo por defender em CPI o próprio Cachoeira, em escândalo denunciado pelo próprio Collor no vídeo acima? Quem pode se chamar de baluarte da moral em meio a essa "confraria" de bandidos? Aliás, a pergunta maior é o que torna a imprensa a única detentora da moral, se é ela também que detém em suas mãos o maior poder da era da informação, que é a veiculação da própria?

É muito bom para a nação que esse discurso tão claro, pontual e verdadeiro, seja proferido por quem foi. O que tudo isso implica, a reflexão que constrói, é capaz de levar-nos para um outro lado da discussão política, para além do discurso empobrecido e sucateado de "todos são corruptos" ou de "todo problema no Brasil é causado pela corrupção". O que é o nosso senado, a nossa câmara, o nosso sistema político partidário? E, ademais, o que é a nossa imprensa, qual o poder que ela realmente possui, o que se faz dela e na mão de quem ela está? Ainda mais grave: na era da informação, onde está essa informação?

Não sou capaz, ainda, de aplaudir o senador Collor. Mas sou capaz de ouvir esse discurso como um sintoma de uma mudança de paradigma que nos obrigará a passar sem medo por questões difíceis como sigilo da fonte, liberdade de imprensa e reforma política. Ou isso, ou apenas nos conformaremos, e nunca daremos play no vídeo acima.