sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quid pro quo 3

Antes de ler o texto, peço que leiam Quid pro quo 1 e 2

Imagem tirada daqui
E sugiro que leiam, sobre o mesmo assunto dos Quid pro quo, esse texto.

Bem, Logo ia acontecer.

Tendo que lidar com o lamaçal aberto pela relação Cachoeira-Veja, a mídia se expõe (ainda devagar, claro). E nessa, começam a surgir os quiprocós da própria. É só ler os textos de cada um dos veículos que trata desse caso e ver o que eles dizem sobre seus confrades ou inimigos. Interessante como as informações chegam diferentes por diferentes veículos de mídia.
Primeiro, o mesmo assunto via Estado de São Paulo e Carta Capital:

"Mesmo com apoio do senador Fernando Collor (PTB-AL) e de parte da bancada do PT, a CPI do Cachoeira desistiu nesta quinta-feira, 16, de pedir à Polícia Federal as gravações telefônicas das conversas entre o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com o jornalista Policarpo Junior, diretor da sucursal da revista Veja e um dos redatores-chefes da publicação."

Pela leitura, tem-se a impressão de que as gravações das conversas entre Cachoeira e Policarpo não serão alvo das investigações. Obviamente que, ao usar do verbo "desistir", o Estadão passa a impressão que o caso não interessa à CPI. O que é desmentido a seguir, na mesma matéria, quando se lê

"Diante da forte reação da oposição e de parlamentares da base aliada, a comissão preferiu apoiar uma proposta para pedir à Polícia Federal o repasse, ordenado por nome, de todos os grampos telefônicos feitos nas operações Vegas e Monte Carlo. Em termos práticos, a decisão não muda nada o intento de acesso às conversas do jornalista, mas foi um recuo político de quem pretendia carimbar uma relação promíscua da revista com Cachoeira."

Mesmo assim, nota-se um tom diferente do encontrado na Carta Capital, que desde a explosão do caso tem voltado toda sua munição contra sua inimiga editorial.


"O senador Fernando Collor (PTB-AL) apresentou à CPI um requerimento específico para obter os áudios em que o jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja, é citado. O jornalista aparece em cerca de 200 conversas com Cachoeira. Collor e outros parlamentares querem saber se a relação entre os dois tinha alguma ilegalidade. O requerimento foi derrubado pelo relator, Odair Cunha (PT-MG). Ele afirmou que os áudios em que o jornalista é citado já estão à disposição da CPI e, portanto, não seria necessário um requerimento específico para isso."

Considerada "chapa branca" por muitos, a Carta apresenta a mesma matéria com outro tom, buscando esclarecer que o requerimento de Collor não foi aceito porque os áudios já estariam disponíveis, sendo o requerimento uma pressão do Senador, inimigo histórico da revista Veja.

Mas não há qualquer destaque na matéria ao contato estabelecido entre Vaccarezza (PT) e o governador Sérgio Cabral (PMDB), que apareceu ontem em matéria do SBT Brasil.
Exclusivo: Vaccarezza troca mensagens comprometedoras com Cabral

A Folha de São Paulo, em compensação, não apresenta uma linha de Veja e Policarpo, ou mesmo Collor, na sua página principal. Aliás, o espaço para a CPI diminuiu bastante visualmente.


Todas as matérias da página principal da Folha (print de 18/05/2012 às 10h18m) se relacionam com as relações entre os partidos da base aliada do governo e Cachoeira.

O Globo, que entrou no quiprocó pela defesa simplesmente ridícula de Roberto Civita, traz apenas matérias relacionadas ao caso Vaccarezza - Cabral. E também em um reduzido espaço de sua página principal: Petista promete blindar Cabral na CPI

Já o G1, o portal da Rede Globo, se esqueceu do Cachoeira. Em verdade, tá lá no meio das matérias menores, n canto esquerdo, entre coisas como "Transexual 'rouba a cena' em desfile" e "Veja mentiras comuns em currículos".

Vaccarezza (que eu não acho que seja alguém confiável) é o novo alvo de boa parte da mídia, e não me surpreende que seja justamente aquela acusada de fazer parte do paredão aliado à Veja. Os grupos que dominam a imprensa brasileira formam uma canalha conhecida desde a época da ditadura, e são famosos nessa manipulação de fatos. Não se isenta, contudo, a Carta Capital por não dar destaque ao Vaccarezza, mas pelo menos ela não deixou de lado Agnelo, governador petista, como a grande mídia afastou Perillo totalmente de suas matérias. Cadê o Perillo na Folha, no G1, no Estado, no Globo? Ninguém sabe, ninguém viu.

Ah, o site da Veja? Bem, veja você mesmo e tire suas conclusões.

E o quiprocó continua quente na imprensa brasileira...

PS: Sabia que o José Serra também tem contratos com a Delta? NÃO. Bem, ninguém fala mesmo, né?